domingo, 25 de julho de 2010

Underground Belgian Wave Volume 1 LP



Depois de poder ouvir com a devida atenção, me julgo capaz de opinar sobre o que eu ouvi nessa coletânea. Em primeiro lugar uma introdução, trata-se de uma seleção de material que foi anteriormente lançado somente em cassete, salvo a faixa do Vita Noctis que chegou a sair em duas coletâneas piratas, uma delas a brasileira Black Sundays Vol. 2.

A maior parte dessas bandas não saiu do estágio cassete, de fato, apenas Vita Noctis, Danton's Voice e Schicksal chegaram a lançar algo em vinil, as duas últimas bandas lançaram material no estilo new beat. Vale frisar que Danton's Voice era projeto do mesmo nome por trás do White House White, Dirk De Saever.

No caso de Schicksal e Danton's Voice pode se dizer que fazer new beat foi uma evolução relativamente natural, já que a música repetitiva e de batida mais ou menos quadrada de ambos só precisava ficar sem vocais para tal, embora os sintetizadores baratos adicionassem um gosto especial à produção anterior de ambos. Diria que Ratbau também se enquadra nessa descrição, mas com uma sonoridade mais abrasiva do que os outros dois. Ratbau é um projeto menor de Dirk Serries, hoje em dia muito conhecido por suas produções de dark ambient sob o nome Vidna Obmana, que inclusive chegou a fazer duo com Marc Verhaeghen do Klinik em algumas obras do fim dos 80 e recentes.

M. Bryo é mais uma das maluquices de Mark Burghgraeve, sua outra banda também da geração cassete era o Somnambulist, ambos tiveram material relançado em 7" pela Minimal-Wave, o mesmo Burghgraeve foi vocalista nos dois CDs do Klinik que saíram pela Zoth Ommog nos anos 90. O som do M. Bryo pode ser descrito, praticamente, como industrial à moda antiga made in Belgiu, batidas repetitivas e com um toque tribal com base repetitva, na faixa Shift, ao fundo podem ser ouvidos samples de voz (provavelmente tirados de filmes) e ruídos distorcidos. A segunda faixa, com sua base pesada e harmonia de fundo abrasiva, tem vocais processados e batida repetitiva e distorcida.

Asmodaeus, apesar da cara de nome de banda de metal do mal, pode ser descrito como rock sintetizado à moda belga, mas sem guitarras ou baixo de cordas, dá para se imaginar essas músicas feitas com guitarra, baixo e bateria sem grandes dificuldades. Radiation Dance é quase uma baladinha, com batida mais ou menos lenta e vocais leves. Second Time is Different já tem uma energia mais raivosa, mais intensa e com vocais gritados em alguns trechos, mas ainda com aquela cara de rock feito com sintetizadores.

Emotional Violence, a coisa mais próxima de EBM dentro dessa coletânea, com as batidas e bases e até vocais acelerados, poderia facilmente fazer parte daquelas coletâneas "Technoclub" que saíram no começo dos 90 recheadas com bandas na fase de confluência entre EBM, new beat e techno. Para algo lançado em 85, acho que essa banda estava bem à frente de seu tempo, talvez seja impressão minha, mas vale conferir.

Vita Noctis dispensa maiores descrições, essa música em particular seria uma descrição quase perfeita do estilo minimal wave, por seus poucos e esparsos elementos repetitivos. Synthpop rudimentar levemente sombrio com vocais femininos feito com sintetizadores baratos seria uma descrição bastante apropriada. Paradeiro dos membros dessa banda, após lançamento do único EP, é completamente desconhecido para mim.

sábado, 17 de julho de 2010

Dark Day & Chromatics

Continuando no assunto Dark Day, Chromatics fez um cover bastante interessante da música título do compacto de estréia do Dark Day, "Hands In The Dark" de 79. Não se parece muito com a original, mas acho que fica mais interessante quando fazem releituras diferenciadas da original, no caso, essa versão é meio disco. Saiu pela primeira vez em 2007 na coletânea After Dark.



sexta-feira, 16 de julho de 2010

LPs da Dark Entries

Querido diário, hoje chegaram os dois LPs que comprei da Dark Entries, foi uma emoção muito grande para mim finalmente ter um LP do Dark Day e uma coletânea belga de material que só foi lançado até então em cassete décadas atrás.

Dark Day, a banda de no wave que já foi hit de new beat e hoje em dia é clássico entre os admiradores de minimal wave. Meu primeiro contato com o som obsessivo de Robin Crutchfield foi através do CD Collected 1979 - 1982, lançado pelo selo belga Daft Records em 1998, hoje em dia provavelmente esgotado. Crutchfield, antes do Dark Day, fazia parte da banda DNA - boa mostra de como fazer música esquisita com guitarra - como tecladista, por ter interesses musicais diferentes, ele preferiu formar o Dark Day, que passou por várias fases até lançar o LP Window que é quase que totalmente eletrônico, sombrio e minimalista quase ao extremo por conta da simplicidade e da repetitividade.


A coletânea Underground Belgian Wave Volume 1 tem uma seleção bastante interessante de material que, em grande parte, até então só foi lançado oficialmente em cassete. Para quem gosta daquelas bandas belgas esquisitas que ficavam entre o industrial, EBM, minimal wave e sabe-se lá mais o que, é diversão garantida. Destaque para: M. Bryo que era coisa do Mark Burghgraeve, também envolvido com Somnambulist e vocalista do Klinik na fase da Zoth Ommog; Vita Noctis que até chegou a sair em uma das coletâneas Black Sundays aqui no Brasil e, de brinde, Danton's Voice, outro caso de hit de new beat acidental - do mesmo Dirk De Saever do White House White.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Cassetes do Neon Judgement finalmente em LP

Recebi hoje por email notícia de que a gravadora Dark Entries lançará um LP do Neon Judgement com o título Early Tapes, ou seja, parece que finalmente teremos o material das duas primeiras demos do NJ em formato mais interessante. A data prevista para o lançamento é agosto desse ano. Esperemos pelo resultado.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Smersh

"Mike Mangino e Chris Shepard começaram a gravar juntos em 1979 e passaram a lançar cassetes como Smersh em 1981. Smersh era uma reunião em noites de segundas feiras onde ambos gravavam trechos improvisados, foram lançados incontáveis cassetes pelo selo deles, Atlas King."*

Provenientes de New Jersey, Smersh era a combinação de instrumentos eletrônicos baratos com guitarras distorcidas em produções caseiras improvisadas que eram tocadas apenas no ato da gravação e jamais tocadas ao vivo. Quem imaginaria que uma banda assim sobreviveria ao teste do tempo até hoje? A variedade de sons que produziram faz a descrição uma tarefa no mínimo complexa, essa variação estilística incluía desde electrofunk a músicas que poderiam fazer parte de coletâneas de punk rock. A certeza é que Smersh faz sucesso entre os que gostam de industrial e minimal wave em especial, tendo aparecido em diversas coletâneas de ambos estilos. Do começo dos 80 até hoje, foram lançados muitos álbuns em cassete, alguns em vinil e CD - geralmente um apanhado do que saía em fitas - e até hoje ainda saem alguns lançamentos em CDR, tanto pela gravadora do próprio Mike Mangino, Mirandette Popular, quanto pela alemã Discos Veveos. Para os que tiverem curiosidade, nesse ano foi disponibilizado um best of virtual pelo site Free Music Archive. Mike Mangino até hoje produz música sob alguns outros nomes, o trabalho dele pode ser acompanhado e até comprado aqui, inclusive ocasionais (re)lançamentos do Smersh. Para uma seleção generosa de títulos do Smersh em mp3, visite aqui.
Obs: não confundir com a banda russa de grindcore homônima.

*tradução de texto publicado no site free music archive





quinta-feira, 8 de julho de 2010

PORTION CONTROL "PROGRESS REPORT 1980-83"7LP Metal-Box w. T-Shirt/DVD/Book lmtd.600

E finalmente sai o box do Portion Control que eu tanto esperei, o que vem dentro da caixa o título acima já diz, não é pouca coisa, e ainda tem uma edição especial para "membros" da gravadora que vem com um 7" que contém faixas do primeiro cassete lançado pela banda. Indo direto ao que interessa, esse box contem muito material inédito e também coisas que só saíram em cassete até o momento atual, desnecessário dizer que eu quero muito um desses para mim, ainda que custe 114,99€, não é um preço absurdo levando em conta tudo que vem dentro, mas ainda tem o frete! Vale a pena conferir, nem que seja na base do mp3, pois muita coisa desse box nunca foi publicada antes, e isso inclui a fase mais industrial/minimal e variada da banda, não posso comentar sobre todo o material nos LPs ainda, pois boa parte não tive a chance de ouvir, mas só pelas fitas Gaining Momentum e Dining On The Fresh, e pelo primeiro LP, I Staggered Mentally já vale a pena. Segue a lista do que cada LP contém.

LP1A: MC: Gaining momentum (1981) IP.001: (Por Con. 002)
LP1 B: MC: Dining On The Fresh. (1981) Tape + 7" flexidisc (Por Con 003/004)
EP/Vinyl Surface And Be Seen: (1982) In Phaze Music: (Por Con. 006)
LP2A MC: Private illusions No.1 (1981) ( Por Con 005)
LP2B MC Private illusions No.2 (1982) (Por Con 007)
LP3A/3B: LP: I Staggered Mentally (1982) (In Phaze Music CP0073A)
LP4A MC: With mixed emotion (1982) In Phaze Records
LP4B MC: A-MAG /Shot in the belly 1980-1983 (1983) Third Mind. TMT.07:
LP5A Video soundtrack (1982) (Por Con 008) (28,53)
LP5B Assault (86) ALL1 (For All and None). LM 001 Hilversum 1982
LP6A: A Selection of unreleased, demos, obscurities and alternative Versions
6B A Selection of Compilations-Tracks 1981-1983
7A Progress Report 80-82 7B Progress Report 80-82

sábado, 3 de julho de 2010

V-Sor, X

Banda de formação (sempre em torno de Morgan Bryan) e sonoridade variada que existe desde 79, com um hiato entre 89 e 05. A descoberta da reativação da banda foi algo que aconteceu hoje e uma grande surpresa para mim. Para variar um pouco, outra banda que saiu na série Flexi Pop, porém, ao contrário de muitas, V-Sor, X possui bastante material interessante, o estilo varia conforme a fase, geralmente entre post punk e minimal wave.
Apesar das restrições orçamentárias que sofriam, o talento dessa banda ficava evidente com a habilidade que demonstravam nas composições e até mesmo nos vocais, eu apostaria que Morgan Bryan fez parte de coral de igreja ou algo assim, pelo menos em alguns momentos, como no final da faixa Euromantic, dá para se ter essa impressão.
Apesar de uma certa quantidade de material lançado durante os anos 80, tanto em vinil quanto cassetes, hoje em dia o que temos é apenas um CD chamado "A Strip Of Light But Still Too Dark", lançado pelo selo alemão Genetic Music. Esse CD contém músicas de 81 a 86, algumas lançadas previamente em cassete, outras inéditas. É bem interessante a variação entre as músicas, desde as mais eletrônicas agitadas, ou nem tanto, quanto algumas que são basicamente cordas, teclado de fundo e vocais. No site deles dá para se ter uma idéia melhor do estilo de todo o material que já produziram, inclusive as músicas das fases menos eletrônica e o material recente (que eu achei promissor).